27 de agosto de 2012

Vinhos no Porto


Em viagem por Portugal com minha mulher e meus pais, passamos pela cidade do Porto. E claro, entre um passeio turístico e outro, encontramos um tempinho para provar alguns vinhos do Porto. Não pernoitamos na cidade, e apenas passamos um dia. Chegamos de carro, e estacionamos bem em frente à sede do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), a tempo de ver abrir a sala de degustação.

História

A História do Vinho do Porto começa no Século XVII. Ele não é produzido na cidade de Porto, ou arredores. Sempre foi produzido no Alto Douro. O vinho descia em embarcações pelo rio, até chegar ao Porto, onde embarcava nos navios que levava à Inglaterra. Por isso, desde então é conhecido pelo nome da cidade.

Na época, o vinho não era licoroso como o de hoje. Os comerciantes adicionavam apenas um pouco de Brandy ao vinho, já completamente fermentado, para resistir melhor à viagem. Este estilo era conhecido como "vinho de embarque". Apenas em 1820 surgiu o processo de fortificação moderno, interrompendo a fermentação, e preservando quantidades significativas de açúcar residual. Com o sucesso de mercado, em 1852, já era prática comum.

A partir do Século XVIII, o vinho do Porto atingiu grande prosperidade e renome, e com eles vieram as práticas fraudulentas. Em 1756, o Marquês de Pombal, na qualidade de Ministro do Estado de Portugal, determinou o controle estatal sobre a produção e a demarcação dos limites da área produtora de vinho do Porto, classificando os produtores de acordo com a qualidade. Nasceu assim, a primeira Denominação de Origem Controlada regulamentada no mundo.

Para conhecer mais da história, leia uma Breve História do Vinho do Porto.


Estilos

Os vinhos do Porto são sempre fortificados, isto é, o processo de fermentação é interrompido com adição de aguardente vínica, mantendo os açúcares originários da fruta, e atingindo teores alcoólicos de 19% a 20%. A grande maioria é de tintos (estilos Ruby ou Tawny). No entanto, também existem vinhos do Porto brancos e rosés.
  • Ruby: envelhecem por curto tempo em carvalho (2 anos a 6 anos), para conservarem cores mais vivas e um caráter mais frutado. De acordo com a qualidade, eles se classificam em Ruby, Reserva, Late Bottled Vintage (LBV) e Vintage. Este último costuma envelhecer por muitos anos em garrafa.
  • Tawny: envelhecem por períodos mais longos em madeira. Existem as categorias Tawny, Reserva, com indicação de idade (10, 20, 30, 40 anos), e Colheita (com data da safra, em vez de idade). Podem ter diferentes níveis de oxidação, podendo apresentar desde tonalidades tijolo, até cor completamente âmbar. Podem apresentar aromas de frutas secas, madeira, e até mel.
  • White: produzido em pequenas quantidades, os vinhos do porto brancos podem ser de extra-dry (ainda doces), até doces. Costumam passar por períodos de envelhecimento (em tonéis de aço inox), de poucos anos, ou ainda envelhecer por muitos anos (de 10 a 40 anos, como os Tawnys).
  • Rosés: ainda mais raros que os brancos, são os rosés, uma novidade mercadológica, que não passa por envelhecimento, e sugerido para compor coquetéis.
Para mais detalhes, leia: Dos Vinhos do Porto.

Primeira degustação

A primeira degustação que fizemos, como disse, foi no IVDP. No entanto, diferentemente do que havia lido no guia de turismo, estas degustações não são gratuitas.

O preço varia dependendo do estilo do vinho. Eu mirei alto, e provei Tawnys de 10 e 20 anos, por €3,80. Me serviram o Croft Tawny 20 anos e o Fonseca Tawny 10 anos. O primeiro, aromas complexos, lembrando frutos secos (de amêndoas a uvas passas). Minha mãe, que não gostou do estilo do vinho, disse que parece Biotônico Fontoura! Já o segundo estava um pouco apagado, com um aroma sem graça.

Uma grata surpresa foi o Porto branco, que meu pai pediu para provar, e eu dei uma bicadinha. O Quinta do Infantado White foi servido frio, e era muito aromático, destacando tons cítricos.

Segunda degustação

À tarde, fizemos um passeio de barco pelo rio Douro, que nos deu direito à degustação na cave Croft, em Vila Nova de Gaia. Após o passeio, seguimos à cave, onde além da visita, nos serviram o branco e o Tawny, ambos à temperatura ambiente. Durante a visita, a guia nos explicou que o vinho do Porto rosé teria sido originariamente uma criação da Croft, posteriormente reproduzida por outras caves.

Não sei se devido ao fato de não estarem na temperatura ideal, ou se as garrafas estavam abertas há tempo demais (pouco provável, devido à grande quantidade de visitantes), o fato é que ambos estavam insossos, e decepcionaram muito.


No fim, a boa impressão que a cave fez de manhã com o Tawny 20 anos foi desfeita. Mas meu dia não terminou por aí. Ainda sem ter comprado os vinhos que eu pretendia, eu ainda entrei em mais uma degustação, que fez valer o dia. Mas esta merece um texto à parte. Leia Quinta do Noval.

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